Para defender o ponto de vista de muitas brasileiros que se consideram "racionais", a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA) elegeu Porto Alegre para ser a primeira capital brasileira a exibir outdoors de uma campanha de mídia sobre ateísmo. A iniciativa é da ATEA e já havia sido recusada no final do ano passado pelas companhias de ônibus de São Paulo, Salvador, Florianópolis e Porto Alegre.
A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos havia anunciado em 13 de dezembro do ano passado que alguns ônibus de Porto Alegre ostentariam mensagens ateias, porém, segundo Daniel Sottomaior, a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) teria desistido da campanha na última hora.
“Fiquei sabendo pela imprensa que a ATP vetara a veiculação dos anúncios. Quando contatei com a Associação, ela primeiro confirmou o veto e depois passou a dizer qua nada ocorrera e que desconhecia o assunto”, afirmou Sottomaior.
As peças são polêmicas e falam sobre fé, moralidade e ateísmo. Uma delas exibe as fotos de Charles Chaplin, que era ateu, e Adolf Hitler, que não era ateu, com os dizeres “religião não define caráter”. Outra afirma “Somos todos ateus com os deuses dos outros”, e traz imagens de uma divindade hindu, uma divindade egípcia e de Jesus de Nazaré, com as legendas “mito hidu”, “mito egípcio” e “mito palestino”. Uma terceira diz que “A fé não dá respostas, só impede perguntas”. Os cartazes devem ser exibidos ao longo de um mês.
Entre os dias 4 e 17 de julho estarão expostos dois outdoors. Os outdoors da segunda quinzena serão outros.
HISTÓRICO DE CAMPANHAS MUNDIAIS EM DEFESSA DO ATEISMO
Na primeira semana de 2009 foi lançada a primeira campanha publicitária do Reino Unido versando sobre ateísmo, promovida pela British Humanist Association. A campanha tem site próprio (onde podem ser compradas camisetas) e vem atraindo atenção da grande mídia desde o seu lançamento, em outubro de 2008 -- inclusive no Brasil. A arrecadação de fundos para a campanha brasileira começou na semana seguinte. Como a iniciativa foi largamente ignorada pela mídia, a Atea decidiu lançar uma "pré-campanha" em 2010 com o fim de levantar fundos para uma segunda etapa.
A pioneira iniciativa britânica começou com o objetivo de arrecadar £5.500 (cerca de R$19.000). Mas em quatro dias chegou a £100.000 e passou do incrível valor de £135.000 (R$465.000), uma cifra considerável mesmo para os padrões britânicos.
Foram 800 ônibus com o slogan "Deus provavelmente não existe. Agora pare de se preocupar e viva sua vida". A campanha inclui mil anúncios no metrô com frases adicionais, duas grandes telas de LCD (uma com 3,7m² e outra com 7,4m²) com versões animadas do slogan e uma mensagem na BBC. Não há risco de mal-entendidos: a campanha é explicada em detalhe no próprio site da BHU. E a imprensa nacional continuou a cobrir o desenrolar dos fatos.
Em novembro de 2009, a American Humanist Association lançou uma ação semelhante. Campanha igual à britânica está sendo veiculada em dois ônibus de Barcelona sob protestos e só não chegou à Austrália porque a companhia local responsável pelos anúncios em ônibus se recusou a expô-los. Na Itália, a campanha foi proibida.
Com a fundação da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos, era mais do que hora de criar uma ação nos mesmos moldes aqui no Brasil. Nosso desejo inicial era de veicular os anúncios no metrô de São Paulo, devido a sua enorme visibilidade. No entanto, a companhia proíbe "assuntos polêmicos" e "temas de cunho religioso".
Em 2010, a Atea assinou contrato com uma empresa de mídia para lançar a campanha em São Paulo, mas ela se recusou a veicular os anúncios depois de tomar conhecimento do seu conteúdo, alegando que uma determinação da EMTU proíbe temas religiosos, o que foi negado pelo setor técnico da empresa. Atualmente, a entidade está analisando se cabe ação judicial.
Leia artigos sobre a Atea e a campanha dos ônibus no portal Terra, na revista Isto É, no Jornal O Tempo e breves comentários de Marcelo Rubens Paiva em sua coluna semanal no Estado de São Paulo e no seu blog. Até o Jornal Nacional noticou a campanha espanhola. O fato de ter demorado mais de dois meses para relatar o que já não era mais notícia sugere uma grande resistência da redação em levar a matéria ao ar.
FONTE:www.atea.org.br
FONTE:www.atea.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário