Jornal, Classificados e Agência de Propaganda. Este poderoso trio entra em cena a partir de 1891, com a criação da "Empresa de Publicidade e Comércio". Nessa época, os anúncios eram uma espécie de classificados de maior tamanho, que divulgavam remédios, fortificantes e elixires, prometendo vigor e o bem estar das senhoras. Contudo, o comércio de remédios não era suficiente para movimentar a economia do país. Já o mercado publicitário precisava de outras fontes de arrecadação
Por sorte, nos primeiros anos do século passado, sob o impacto da abolição que afetou diretamente o desempenho da economia brasileira, o governo da República abraçou a missão quase impossível de levar o pais à industrialização e a modernização.
Para tanto, uma das apostas dos presidentes Campos Sales (1898/1902) e do seu sucessor Rodrigues Alves (1902/1906) foi a publicação de Decretos que financiaram ações de propaganda, com o objetivo de divulgar no exterior qualidades econômicas e geográficas do país, principalmente produto brasileiros. Assim, investidores poderiam se interessar pelo nosso país, abrindo novos mercados para o Brasil
O café, pilar da economia na época, foi o primeiro garoto-propaganda. Em 1901, o governo liberou por meio do Decreto nº 4.207, de 22 de outubro, crédito de 70 contos de réis para o Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas organizar serviços de propaganda do nosso café nos países onde o Brasil possuía Consulado.
Temendo a desestabilização da economia, outros setores opuseram-se ao protecionismo governamental, questionando fortemente a intervenção da República no setor cafeeiro. Pressionado, o governo passou a investir na propaganda de outros produtos brasileiros. Em 2 de julho de 1902, por meio do Decreto nº 4.446, liberou 50 contos de réis para o Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas desenvolver esforços de propaganda com o intuito de divulgar além-mar o xisto betuminoso, oriundo da cidade de Marahú, na Bahia.
Ainda em 1902, o gás natural do Recife também foi socorrido pelo governo. Para desenvolver ações de propaganda do gás pernambucano nos Estados Unidos, o município recebeu o crédito de 15 contos de réis do Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas, por meio do Decreto nº 4.612, de 23 de outubro.
Naquela época, os presidentes Campos Sales e Rodrigues Alves não imaginavam que sua estratégia de usar a comunicação para fortalecimento mercadológico e promoção de imagem do governo transformaria-se, no futuro, em ferramenta governamental. Para alcançar os mais variados objetivos, ações planejadas de comunicação foram, ao longo dos anos, sendo incorporadas ao senso comum da cultura política do pais, evoluindo para o que hoje conhecemos como propaganda institucional e propaganda mercadológica.
AUTOR: Patrick Costa
AUTOR: Patrick Costa
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